Dra Patrícia Figueira Fisioterapeuta Especializada em Oncologia, Linfedema, Linfoterapia
LINFEDEMA O QUE VOCÊ PRECISA SABER

O que é Linfedema?
Linfedema é uma coleção anormal de fluido rico em proteína abaixo da pele.
Ocorre mais comumente nos braços e pernas, mas também pode acometer  outras áreas do corpo, como tronco, mama e órgãos genitais.
Desenvolve-se quando há alguma lesão dos vasos linfáticos, ou quando os linfonodos são removidos (linfedema secundário) ou ainda quando tornam-se insuficientes e doentes (linfedema primário).
Com o aumento de fluido em uma área, o corpo experimenta uma reação inflamatória, que resulta em um tecido cicatricial, chamado fibrose.
O inchaço e a fibrose, impedem a oxigenação e nutrição adequada da área e atrasa cicatrização, favorece o crescimento de bactérias e aumenta o risco de infecções, como a celulite, a linfangite ou ainda a erisipela

 

LINFEDEMA PRIMÁRIO

Linfedema Primário

Pessoas podem nascer com anormalidades no sistema linfático e desenvolver em algum momento da vida o linfedema. Diz-se linfedema primário precoce quando aparece antes dos 35 anos de idade, sendo mais comum na fase da puberdade em mulheres jovens. Diz-se linfedema primário tardio, quando se desenvolve após os 35 anos de idade, podendo afetar principalmente os membros inferiores de ambos os sexos.
Por estar relacionado a condições congênitas ou anormalidades genéticas, bebês e crianças podem ser acometidos. Há algumas síndromes e condições genéticas que devem ser investigadas, como a Doença de Milroy e a síndrome de Klippel-Trenaunay.

LINFEDEMA SECUNDÁRIO

Linfedema Secundário

O linfedema secundário pode ocorrer após um trauma, cirurgia, infecção, radioterapia, ou qualquer dano ou lesão ao sistema linfático. Após o câncer de mama e seu tratamento, o linfedema pode apresentar-se, principalmente quando aborda-se a axila para retirada de linfonodos, se faz quimioterapia no braço do mesmo lado da cirurgia, ou quando se irradia a região de linfonodos. Todos os outros câncer onde ocorre a remoção de linfonodos, seja o ginecológico, de cabeça e pescoço, próstata, melanoma, entre outros, o linfedema pode desenvolver-se. Com o surgimento da biópsia de linfonodo sentinela, a incidência diminuiu, mas ainda é uma das condições mais temidas após o tratamento do câncer.

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Diagnóstico do linfedema
Uma avaliação física com inspeção e palpação bem feitas, associada a uma boa coleta da história do paciente, garantem na maioria das vezes, o diagnóstico do linfedema. 
Em relação a exames de imagem, o que mais auxilia no diagnóstico do linfedema é a linfocintilografia. Dados como a ausência ou lentidão do fluxo linfático,  refluxos dérmicos, captação nos linfonodos do radiofármaco injetado, são informados neste exame.
Outros exames, como a ressonância magnética, a tomografia computadorizada e a bioimpedância podem detectar a presença de fluido extra nos tecidos intersticiais, mas não diferenciam de forma importante, o edema de linfedema.

Linfedema - sinais e sintomas

Sinais e Sintomas

 

O linfedema pode se desenvolver em qualquer parte do corpo, principalmente em regiões onde os linfonodos são retirados. Sinais e sintomas incluem sensação de peso nos membros, sensação de aperto na pele ou outros tecidos, diminuição da flexibilidade articular, roupas ou acessórios mais apertados, como relógios e anéis. 

Com a evolução, o edema torna-se clínico e pode aumentar consideravelmente de volume, tornando-se mais endurecido,  com presença de fibroses,  podendo apresentar linforréia, linfocistos, o que aumenta o risco de infecções.

O tratamento precoce impede a piora dos sintomas e o risco de infecções.

Tratamento do linfedema

Tratamento recomendado

 

Terapia complexa descongestiva (Linfoterapia) é o tratamento padrão ouro para o linfedema. Consiste em realizar drenagem linfática manual, terapia compressiva com enfaixamento multi-camadas e com a indicação de meias ou braçadeiras compressivas; cuidados com a pele e exercícios específicos.

Outros tratamentos surgiram como terapia auxiliar à terapia complexa descongestiva e podem ser associados em alguma fase do tratamento, como o uso de terapia manual, laser, taping, compressão pneumática intermitente,  entre outros.

Algumas cirurgias com indicações específicas também estão sendo realizadas, como o transplante de linfonodos e a ligação de vasos venosos e linfáticos.

 

 

Drenagem linfática manual no linfedema

Drenagem linfática manual no linfedema.

 

A drenagem linfática manual é uma forma específica de massagem que estimula o sistema linfático, por meio de algumas vias fisiológicas ou não fisiológicas, com o objetivo de melhorar a absorção e o transporte da linfa. Na presença de patologias, deve ser realizada por fisioterapeuta especializado. Os resultados são bastante expressivos na prática clínica. Pode ser associada a outras técnicas, como as de terapia manual para tratamento de fibrose e desta forma auxiliar na liberação do transporte linfático e associada ao enfaixamento compressivo para otimizar o tratamento, conforme a necessidade.

Pode ser realizada em pacientes de câncer.

 

 

 

Terapia compressiva- enfardamento multi-camadas

Terapia Compressiva – enfaixamento multi-camadas

 

O enfaixamento compressivo é aplicado após a drenagem linfática manual e deve ser realizado diariamente para se otimizar os resultados. O objetivo do enfaixamento é auxiliar no retorno do fluido linfático de volta à circulação e aumentar a pressão sobre o tecido, o que auxilia na redução do volume e na melhora da textura, tornando-a menos endurecida. A contração muscular em um membro contido com o uso das bandagens aumenta consideravelmente a pressão de trabalho, auxiliando de forma considerável o tempo e o resultado do tratamento.

Diversos são os materiais disponíveis para a realização do enfaixamento: malhas tubulares, espumas, bandagens de curta e média extensibilidade, adesivas, coesivas ou fixas por presilhas. 

Além de um fisioterapeuta especializado nesta técnica, o sucesso depende da quantidade de faixas utilizadas, a tensão empregada, largura das faixas, pressão de repouso e de trabalho alcançadas.

 

Cuidados com a pele no linfedema

Cuidados com a pele

 

Alguns cuidados extras com o membro com linfedema são necessários para que se evite pioras e descompensações do quadro. São eles:

•    Evite traumas e lesões para reduzir o risco de infecções.
•    Mantenha a pele limpa e seca, principalmente entre os dedos.
•    Atenção aos cuidados com as unhas.
•    Use repelente contra insetos.
•    Use protetor solar.
•    Se possível, evite perfurações de injeções no membro acometido.
•    Use luvas para fazer atividades, como jardinagem, trabalho com ferramentas, retirar alimentos quentes do forno.
•    Use calçados adequados e evite roupas e acessórios que possam comprimir apenas uma região do membro. (exemplo: relógio ou aliança muito justos).
•    Caso ocorra vermelhidão, dor,  aumento de temperatura, erupções cutâneas, coceira, aumento do inchaço, febre, contate o seu médico ou vá a um pronto socorro imediatamente, para tratar precocemente uma possível infecção (por exemplo , erisipela ou celulite)

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Exercícios

 

Exercícios são essenciais e devem ser incorporados como auto-cuidados no tratamento do linfedema.

Devem ser realizados durante o período de enfaixamento e na fase de manutenção, quando já estiver com as braçadeiras ou as meias.

Os exercícios maximizam os efeitos das compressões e participam do sucesso do tratamento.

A intensidade, a frequência e a carga devem ser aumentados gradualmente, conforme o condicionamento obtido e a regularidade alcançada.

Importante monitorar a extremidade durante e após a atividade, quando a mudanças no tamanho, textura e forma, para alterar ou controlar parâmetros futuros.

Qual o exercício ideal? Pergunte ao seu fisioterapeuta especializado no atendimento de linfedema.

 

 

Linfedema- meias e braçadeiras elásticas

Meias e braçadeiras elásticas

 

Existe uma variedade de marcas, modelos, pressões, tamanhos, tipos de tecidos de compressões elásticas para o linfedema. Elas são indicadas após o tratamento com o enfaixamento multicamadas e quando alcançado o máximo de redução possível do volume do membro e melhora da textuta/dureza da pele. Embora prática comum, estas malhas de compressão não deveriam ser indicadas na ausência de um tratamento prévio, pois o volume ainda está muito grande e pode causar garrotes, compartimentalizações e baixa aderência.

O uso deve ser constante e em paralelo ser realizado um trabalho de fortalecimento muscular. Com uma indicação correta, ainda pode ocorrer a perda de medidas na fase de manutenção, o que torna ainda mais importante o seu uso correto.

 

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Tratamentos complementares

 

A terapia complexa descongestiva (Linfoterapia) é bem reconhecida na literatura e na prática clínica de diversos fisioterapeutas como o tratamento mais indicado para os pacientes com linfedema. Entretanto não podemos ignorar que novos tratamentos estão sendo utilizados para complementar os seus resultados. Dentre as novas propostas estão o uso do laserde baixa potência, terapia por onda de choques, tapinglinfático, bomba de compressão pneumática, hidroterapia, acupuntura, entre outros. Cabe ao fisioterapeuta especializado no tratamento de pacientes com linfedema conhecer e escolher qual a terapia  complementar mais adequada ao seu paciente.

 

 

EM BREVE, NOVAS POSTAGENS SOBRE LINFEDEMA.